Vamos refletir sobre o polêmico TDHA?
Discussões intermináveis sobre a real natureza do chamado Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são travadas até hoje, sem que os debatedores sequer se aproximem de qualquer consenso, deixando a realidade clínica relegada a um segundo plano. Cada setor direciona o seu discurso e seleciona a sua clínica de acordo com as suas convicções e interesses, caracterizando uma simples exposição de ideias paralelas, supostamente sobre um mesmo assunto. ⠀
A psicopatologia da atenção tem sido pouco valorizada, assim como o fato de que a maior parte dos transtornos psiquiátricos cursa com alterações da atenção. A própria natureza do processo atencional raramente é discutida no nível clínico, e muita gente fala de déficit de atenção sem sequer ter uma ideia clara do que seja, realmente, a atenção. Critérios puramente comportamentais são utilizados para o diagnóstico, sem levar em conta as funções neuropsicológicas essenciais que estão na pauta, o que é um erro! É comum vermos no consultório casos de suposto déficit – diagnosticados somente pelo comportamento – nos quais havia deficiência de diversos aspectos, menos de atenção. ⠀
Por isso é tão essencial a adequada avaliação neuropsicológica para o diagnóstico do TDAH, uma vez que esta avaliação considera que o processo da atenção envolve uma interação complexa de funções e o déficit consiste num quadro sindrômico, e não em uma doença específica. Além disso, em termos nosológicos, a deficiência atencional pode se manifestar como um quadro primário ou como um sintoma secundário a vários distúrbios e circunstâncias. ⠀
Por isso, em caso de suspeita de déficit de atenção, procure profissionais capacitados para uma avaliação não apenas baseada em comportamentos, mas sim nas funções neuropsicológicas relacionadas a atenção.⠀